segunda-feira, 27 de março de 2017

POLÍTICA PELO AVESSO

No Brasil, costuma-se fazer política contra adversários e não verdadeiramente pelo bem comum, como deveria ser. Bastam algumas poucas evidências para se demonstrar isso. Primeiro, governo eleito começa por contestar obra de seus opositores, em vez de repará-la, se houver necessidade, e mantê-la em seus aspectos positivos se a obra ou projeto é importante e serve ao município, Estado ou país.
Não, político bom é aquele que abandona a obra do outro e passa a construir outra em nome de seu governo, desperdiçando recursos financeiros, além de retirar da população aquilo que serve como serviço público, só porque é de um adversário. Exceto se a obra for de um antecessor aliado. Caso não, inventa-se defeito e aquilo lá vai pro beleléu. Diz que é coisa do passado e não se fala mais nisso.
Dou aqui um exemplo desse absurdo no Rio Grande do Norte em particular, e no país também. No RN, as Centrais do Cidadão um projeto em sua iniciativa original aplaudida pela população em geral, como um dos serviços de qualidade do poder público potiguar, da época do então governador Garibaldi Alves Filho (década de 90), logo abandonado nos governos seguintes, algumas centrais fechadas, e até hoje esse maravilhoso projeto permanece sem ser restaurado. Perdeu o povo que se utilizava para fazer documentação em um só local. Mesmo existindo ainda algumas centrais, o funcionamento é pra lá de precário e muito reclamado.
No plano ainda estadual, que servia de exemplo nacional, temos os Cieps (Centros Integrados de Ensino Público) criados na época do governo brizolista (Leonel Brizola) no Rio de Janeiro, apelidado de Brizolões (anos 80/90), idealizados pelo então vice-governador Darcy Ribeiro. Importante projeto educacional diferenciado, os Cieps também terminaram abandonados e esquecidos, embora atualmente se fale tanto em educação de tempo integral, que reúne o útil ao agradável, onde alunos passavam o dia em atividades didáticas, de leituras, práticas esportivas e com direito a boa alimentação, mais tratamento odontológico. E qual era a proposta dos Cieps se não ocupar o tempo integral de alunos e alunas! Eram caros? Muito mais caro é a corrupção, ora essa!
Quer dizer, gestores públicos no Brasil sempre preferem começar do zero, desperdiçando recurso público e gastando o que não pode para depois mandar a conta para a população em forma de mais impostos, contribuições e taxas adicionais, além de diminuir serviços e torná-los precários. Trata-se de um Brasil que não anda, marca o passo no atraso. É a política feita pelo avesso.

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